Paraíba

Incra cria primeiro assentamento agroextrativista da Paraíba na Fazenda Tambauzinho, em Santa Rita

Incra cria primeiro assentamento agroextrativista da Paraíba na Fazenda Tambauzinho, em Santa Rita


PARAIBA.COM.BR

Foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira (24) a Portaria Nº 1.089, de 23 de abril de 2025, que cria o primeiro Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) da Paraíba, denominado Dom José Maria Pires, no imóvel rural Fazenda Tambauzinho, localizado no município de Santa Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa. O Incra na Paraíba (Incra/PB) se imitiu definitivamente na posse do imóvel rural, com aproximadamente 124 hectares, em 16 de abril deste ano. A criação do assentamento irá beneficiar cerca de 15 famílias de posseiros que vivem na área há aproximadamente 50 anos.

Tambauzinho era considerada umas das áreas mais conflituosas da Paraíba. O imóvel está localizado a aproximadamente 25 km de João Pessoa, em uma região valorizada e de terras férteis, historicamente utilizada para o plantio de cana-de-açúcar, e cobiçada por empresários da construção civil e por criadores de camarão.

Com a portaria de criação do PAE em Tambauzinho, o Incra/PB fica autorizado a realizar a seleção das famílias para sua inclusão como beneficiárias do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA).

O decreto de desapropriação por interesse social para reforma agrária do imóvel foi publicado em dezembro de 2008 e a imissão do Incra na posse do imóvel aconteceu em 26 de outubro de 2010, mas foi posteriormente suspensa pela Justiça. Em setembro de 2024, houve a imissão de posse parcial, e, em 16 de abril, deu-se a imissão de posse definitiva.

Comunidade ribeirinha

O imóvel rural Tambauzinho está localizado em uma área onde o rio Paraíba se encontra com o mar. De acordo com a perícia antropológica realizada em dezembro de 2024 pela analista em antropologia do Ministério Público da União (MPU) Sheila dos Santos Brasileiro, os moradores se autodenominam ribeirinhos e mantêm uma convivência respeitosa com os recursos naturais disponíveis, enraizada em práticas sustentáveis diversificadas e transmitidas de geração em geração.

Ainda segundo a perícia, eles trabalham na agricultura e na pesca, plantando macaxeira, inhame, feijão-verde, batata-doce, milho, hortaliças, e ainda coletando frutas como coco, manga, melancia e araçá. A produção é comercializada em feiras livres de Cabedelo, João Pessoa, Forte Velho, e por meio de atravessadores, além de na própria comunidade.

Como a comunidade está localizada às margens do rio Paraíba, as famílias também pescam para complementar sua alimentação. Dos manguezais elas tiram peixes, camarões, mariscos, ostras, caranguejos e siris.

Assentamento agroextrativista

Os assentamentos agroextrativistas (PAEs) criados pelo Incra são assentamentos ambientalmente diferenciados, com foco na sustentabilidade e na preservação ambiental, que buscam reconhecer e regularizar populações tradicionais, geralmente em regiões com rica biodiversidade, como florestas, áreas ribeirinhas ou zonas de manguezais, como pequenos agricultores, extrativistas, ribeirinhos e pescadores. Essas comunidades praticam atividades sustentáveis, incluindo manejo florestal, pesca e extrativismo de recursos naturais, e possuem formas próprias de organização social, cultural e econômica, baseadas em práticas tradicionais.

Os PAEs promovem atividades produtivas que respeitam o meio ambiente, como manejo florestal sustentável, extrativismo de produtos como castanha, açaí, látex e óleos vegetais, além de pesca artesanal e agricultura familiar de baixo impacto. Essas práticas visam a conservação dos ecossistemas e a reprodução cultural das comunidades.

Diferentemente de outras modalidades de assentamentos criados pelo Incra, nos PAEs não há individualização de lotes. A titulação é coletiva, geralmente por meio da Concessão de Direito Real de Uso (CDRU), garantindo o uso comum da terra para toda a comunidade.